Elba Ao Vivo

2003

Elba Ao Vivo
    • Asa Branca (Luiz Gonzaga / Humberto Teixeira) citação: Canta Luiz (Dominguinhos) Letra

      Canta Luiz, canta Luiz

      Tua sanfona e teu cantar me faz feliz

      Toca Luiz, canta pra nós

      Quero dormir e acordar com tua voz

       

      Quando olhei a terra ardendo

      Qual fogueira de São João

      Eu perguntei a Deus do céu, ai

      Por que tamanha judiação

      Eu perguntei a Deus do céu, ai

      Por que tamanha judiação

       

      Que braseiro, que fornalha

      Nem um pé de plantação

      Por falta d’água perdi meu gado

      Morreu de sede meu alazão

      Por falta d’água perdi meu gado

      Morreu de sede meu alazão

       

      Inté mesmo a Asa Branca

      Bateu asas do sertão

      Entonce eu disse: “adeus Rosinha

      Guarda contigo meu coração”

      Entonce eu disse: “adeus Rosinha

      Guarda contigo meu coração”

       

      Hoje longe muitas léguas

      Na mais triste solidão

      Espero a chuva cair de novo

      Pra mim voltar pro meu sertão

      Espero a chuva cair de novo

      Pra mim voltar pro meu sertão

       

      Quando o verde dos teus olhos

      Se espalhar na plantação

      Eu te asseguro, não chore não

      Eu voltarei viu, meu coração

      Eu te asseguro, não chore não, viu

      Que eu voltarei viu, meu coração

      FICHA TÉCNICA:

    • A Vida do Viajante (Luiz Gonzaga / Hervé Cordovil) Letra

      Minha vida é andar por esse país

      Pra ver se um dia descanso feliz

      Guardando as recordações

      Das terras onde passei

      Andando pelos sertões

      Dos amigos que lá deixei

       

      Chuva e sol, poeira e carvão

      Longe de casa, sigo o roteiro

      Mais uma estação

      E a saudade do Seu Gonzagão

       

      Mar e terra, inverno e verão

      Mostro o sorriso, mostro a alegria

      Mas eu mesmo, não

      E a saudade no meu coração

      FICHA TÉCNICA:

    • Imbalança (Luiz Gonzaga / Zé Dantas) citação: Quando eu contar (Iaiá) (Serginho Meriti / Beto Sem Braço) Letra

      Óia a paia do coqueiro quando o vento dá

      O tombo da jangada nas ondas do mar

      Olha o tombo da jangada nas ondas do mar

      Óia a paia do coqueiro quando o vento dá

       

      Pra você aguentar meu rojão

      É preciso saber requebrar

      Ter molejo nos pés e nas mãos

      Ter no corpo o balanço do mar

      Ser que nem carrapeta no chão

      E virar folha seca no ar

      Que é pra quando escutar meu baião

      Imbalança, imbalança, imbalançar

       

      Imbalança, imbalança, imbalançar

      Imbalança, imbalança, imbalançar

      Imbalança, imbalança, imbalançar

       

      Você tem que viver no sertão

      Pra na rede aprender embalar

      Aprender a bater no pilão

      Na peneira aprender peneirar

      Ver relampo no mei do trovão

      Fazer cobra de fogo no ar

      Que é pra quando escutar meu baião

      Imbalança, imbalança, imbalançar

      FICHA TÉCNICA:

    • Pagode Russo (Luiz Gonzaga / João Silva) Letra

      Ontem eu sonhei que tava em Moscou

      Dançando pagode russo na boate Cossacou

      Ontem eu sonhei que tava em Moscou

      Dançando pagode russo na boate Cossacou

       

      Parecia até um frevo naquele cai ou não cai

      Parecia até um frevo naquele vai ou não vai

      Parecia até um frevo naquele cai ou não cai

      Parecia até um frevo naquele vai ou não vai

       

      Entra cossaco, cossaco dança agora

      Na dança do cossaco, não fica cossaco fora

      Entra cossaco, cossaco dança agora

      Na dança do cossaco, não fica cossaco fora

       

      Onde tu tá neném

      (Luiz Bandeira)


      Onde tu tá neném

      Eu vim te procurar

      Vamos fazer as pazes

      Tenho tantas frases pra te agradar

       

      Onde tu tá neném

      Eu vim te procurar

      Saudade sai me solta

      Tô aqui de volta pra meu bem beijar

       

      Estou aqui de novo junto ao meu povo

      Minha gente amiga

      Quem me conhece sabe

      Que eu detesto intriga

       

      Uma saudade enorme

      Come e deita e dorme no meu coração

      Remédio indicado pra quem está errado

      É pedir perdão

       

      Por uma briga à toa

      Tanta coisa boa a gente tá perdendo

      Sertão em noite branca

      O dia amanhecendo

       

      Nossa conversa linda

      Tem segredo ainda para um século mais

      Não é pra nos gabar

      Mas não existe um par como nós dois se faz

      FICHA TÉCNICA:

    • Numa Sala de Reboco (Zé Marcolino / Luiz Gonzaga) Letra

      Todo tempo quanto houver

      Pra mim é pouco

      Pra dançar com meu benzinho

      Numa sala de reboco

       

      Enquanto o fole

      Tá tocando, tá gemendo

      Vou cantando e vou dizendo

      Meu sofrer pra ela só

       

      E ninguém nota

      Que eu tô lhe conversando

      E nosso amor vai aumentando

      E pra que coisa mais mió

       

      Só fico triste

      Quando o dia amanhece

      Ai, meu Deus, se eu pudesse

      Acabar separação

       

      Pra nós viver

      Igualado a sanguessuga

      E nosso amor pede mais fuga

      Do que essa que nos dão

       

      Estrada de Canindé

      (Luiz Gonzaga / Humberto Teixeira)


      Ai, ai, que bom

      Que bom, que bom que é

      Uma estrada e uma caboca

      Uma gente andando a pé

       

      Ai, ai, que bom

      Que bom, que bom que é

      Uma estrada e a lua branca

      No sertão de Canindé

       

      Artomóve lá nem se sabe

      Se é home ou se é muié

      Quem é rico anda em burrico

      Quem é pobre anda a pé

       

      Mas o pobre vê nas estrada

      O orvaio beijando as flor

      Vê de perto o galo campina

      Que quando canta muda de cor

       

      Vai moiando os pés nos riacho

      Que água fresca, Nosso Senhor!

      Vai oiando coisa a grané

      Coisas que pra mode ver

      O cristão tem que andar a pé

      FICHA TÉCNICA:

    • Juazeiro (Luiz Gonzaga / Humberto Teixeira) Beija-flor (Xexéu / Zé Raimundo)
      Citação: Admirável gado novo (Zé Ramalho) / Béradêro (Chico César)
      Letra

      Minha mãe quando eu morrer

      Me cubra com o seu véu

      Em cima da minha cova

      Bote o gibão e o chapéu

      Que é pra eu cantar aboio

      Nas vaquejadas do céu

       

      Juazeiro, juazeiro

      Me responda, por favor

      Juazeiro, velho amigo

      Onde anda meu amor

       

      Ai, Juazeiro

      Ela nunca mais voltou

      Diz, Juazeiro

      Onde anda meu amor

       

      Juazeiro, não te alembra

      Quando o nosso amor nasceu?

      Toda tarde à tua sombra

      Conversava ela e eu

       

      Ai, Juazeiro

      Onde anda meu amor?

      Diz, Juazeiro

      Como dói a minha dor

       

      Juazeiro, seje franco

      Ela tem um novo amor

      Se não tem, por que tu choras

      Solidário a minha dor?

       

      Ai, Juazeiro

      Não me deixe assim roer

      Ai, Juazeiro

      Tô cansada de sofrer

       

      Ê, ô, ô

      Vida de gado

      Povo marcado, ê

      Povo feliz

       

      Eu fui me embora, meu amor chorou

      Eu fui me embora, meu amor chorou

      Eu fui vou embora, meu amor chorou

      Vou voltar

       

      Eu vou nas asas de um passarinho

      Eu vou nos beijos de um beija-flor

      Eu vou nas asas de um passarinho

      Eu vou nos beijos de um beija-flor

       

      No tic-tic-tic-tac do meu coração, renascerá

      No meu coração, renascerá

      Timbalada é semente de um novo dia

      Nordeste,sofrimento, povo lutador

      Entre mares e montanhas com você eu vou

      Amor, é só me chamar que eu vou

      Amor, é só me chamar, amor

       

      Juazeiro, meu destino

      Tá ligado junto ao teu

      No teu tronco tem dois nomes

      Ela mesma que escreveu

       

      Ai, Juazeiro

      Não me deixe assim roer

      Diz , Juazeiro

      Eu prefiro até morrer

       

      Os óio tristes da fita

      Rodando no gravador

      Uma moça cosendo roupa

      Com a linha do Equador

      E a voz da santa dizendo

      “O que é que eu tô fazendo

      Cá em cima desse andor?”

      FICHA TÉCNICA:

    • Luar do Sertão (João Pernambuco / Catulo da Paixão Cearense) Letra

      Ai, que saudade do luar da minha terra

      Lá na serra branquejando

      Folhas secas pelo chão

      Este luar cá da cidade tão escuro

      Não tem aquela saudade

      Do luar lá do sertão

       

      Não há, ó gente, ó não

      Luar como este do sertão

      Não há, ó gente, ó não

      Luar como este do sertão

       

      Se a lua nasce por detrás da verde mata

      Mais parece um sol de prata

      Prateando a solidão

      E a gente pega na viola que ponteia

      E a canção e a lua cheia

      A nos nascer do coração

       

      Coisa mais bela neste mundo não existe

      Do que ouvir-se um galo triste

      No sertão se faz luar

      Parece até que a alma da lua é que descanta

      Escondida na garganta

      Desse galo a soluçar

       

      Ai, quem me dera que eu morresse lá na serra

      Abraçada à minha terra

      E dormindo de uma vez

      Ser enterrada numa grota pequenina

      Onde à tarde a surunina

      Chora sua viuvez

      FICHA TÉCNICA:

    • Dúvida (Luiz Gonzaga / Domingos Ramos) Letra

      Não sei por que razão tu tens ciúmes

      Não sei por que razão não crês em mim

      Bem sabes que te quero

      E o meu amor é tão sincero

      É demais duvidar tanto assim, ai de mim

      Não sei por que razão tu tens ciúmes

      Não sei por que razão não crês em mim

       

      Bem vês que vivo escravizado

      Preso ao teu encanto

      Não deves duvidar assim de quem te adora tanto

      Não deves duvidar de mim

      Por que não tens razão

      E assim torturas sem querer meu coração

      FICHA TÉCNICA:

    • Súplica Cearense (Gordurinha / Nelinho) Letra

      Ó Deus, perdoe este pobre coitado

      Que de joelhos rezou um bocado

      Pedindo pra chuva cair sem parar

       

      Ó Deus, será que o Senhor se zangou

      E só por isso o sol se arretirou

      Fazendo cair toda chuva que há

       

      Senhor, eu pedi para o sol se esconder um tiquinho

      Pedi pra chover, mas chover de mansinho

      Pra ver se nascia uma planta no chão

       

      Meu Deus, se eu não rezei direito o Senhor me perdoe

      Mas eu acho que a culpa foi

      Desse pobre que nem sabe fazer oração

       

      Meu Deus, perdoe eu encher os meus zóio de água

      E ter lhe pedido cheinho de mágoa

      Pro sol inclemente se arretirar

       

      Desculpe, eu pedi a toda hora pra chegar o inverno

      Desculpe eu pedir para acabar com o inferno

      Que sempre queimou o meu Ceará

      FICHA TÉCNICA:

    • Qui nem Jiló (Luiz Gonzaga / Humberto Teixeira) Letra

      Se a gente lembra só por lembrar

      Do amor que a gente um dia perdeu

      Saudade inté que assim é bom

      Pro cabra se convencer

      Que é feliz sem saber

      Pois não sofreu

       

      Porém, se a gente vive a sonhar

      Com alguém que se deseja rever

      Saudade intonce aí é ruim

      Eu tiro isso por mim

      Que vivo doido a sofrer

       

      Ai, quem me dera voltar

      Pros braços do meu xodó

      Saudade assim faz doer

      Amarga que nem jiló

      Mas ninguém pode dizer

      Que viu triste a chorar

      Saudade, o meu remédio é cantar

      Saudade, o meu remédio é cantar

      FICHA TÉCNICA:

    • Assum Preto (Luiz Gonzaga / Humberto Teixeira) Letra

      Tudo em vorta é só beleza

      Céu de abril e a mata em flor

      Mas assum preto, cego dos óio

      Não vendo a luz, ai, canta de dor

      Mas assum preto, cego dos óio

      Não vendo a luz, ai, canta de dor

       

      Tarvez por ignorânça

      Ou marade das pior

      Furaro os óio do assum preto

      Pra ele assim, ai, cantar mió

      Furaro os óio do assum preto

      Pra ele assim, ai, cantar mió

       

      Assum preto véve sorto

      Mas não pode avoar

      Mil vêze a sina de uma gaiola

      Desde que o céu, ai, pudesse oiá

      Mil vêze a sina de uma gaiola

      Desde que o céu, ai, pudesse oiá

       

      Assum preto o meu cantar

      É tão triste quanto o teu

      Também roubaram o meu amor, ai

      Que era a luz, ai, dos óio meu

      Também roubaram o meu amor, ai

      Que era a luz, ai, dos óio meu

      FICHA TÉCNICA:

    • Sabiá (Luiz Gonzaga / Zé Dantas) Letra

      A todo mundo eu dou psiu

      Perguntando por meu bem

      Tendo o coração vazio

      Vivo assim a dar psiu

      Sabiá vem cá também

       

      Tu que andas pelo mundo (sabiá)

      Tu que tanto já voou (sabiá)

      Tu que canta, passarinho (sabiá)

      Alivia a minha dor

       

      Tem pena d’eu (sabiá)

      Diz por favor (sabiá)

      Tu que canta passarinho (sabiá)

      Por onde anda meu amor (sabiá)

       

      Tem pena d’eu (sabiá)

      Diz por favor (sabiá)

      Tu que canta pelo mundo (sabiá)

      Por onde anda meu amor (sabiá)

    • De Volta pro Aconchego (Dominguinhos / Nando Cordel) Participação especial: Dominguinhos Letra

      Estou de volta pro meu aconchego

      Trazendo na mala bastante saudade

      Querendo um sorriso sincero, um abraço

      Para aliviar meu cansaço

      E toda essa minha vontade

       

      Que bom poder tá contigo de novo

      Roçando teu corpo e beijando você

      Pra mim tu és a estrela mais linda

      Teus olhos me prendem, fascinam

      A paz que eu gosto de ter

       

      É duro ficar sem você vez em quando

      Parece que falta um pedaço de mim

      Me alegro na hora de regressar

      Parece que vou mergulhar

      Na felicidade sem fim

      FICHA TÉCNICA:

    • Nem se Despediu de Mim (Luiz Gonzaga / João Silva) Participação especial: Dominguinhos Letra

      Nem se despediu de mim

      Nem se despediu de mim

      Já chegou contando as horas

      Bebeu água e foi-se embora

      Nem se despediu de mim

      Já chegou contando as horas

      Bebeu água e foi-se embora

      Nem se despediu de mim

       

      Te assossega o coração

      Que este amor renascerá

      Vai-se um dia, mas vem outro

      Daí então, quando ele voltar

      Pegue o pote e a quartinha

      Bote fogo na tamarinha

      Que ele vai se declarar

      Pegue o pote e a quartinha

      Bote fogo na tamarinha

      Que ele vai se declarar

       

      São João do Carneirinho

      (Guio de Morais / Luiz Gonzaga)


      Eu plantei meu milho todo

      No dia de São José

      Se me ajuda a providência

      Vamo ter milho a grané

      Neste ano eu vou colher

      Vinte espiga em cada pé

      Pelos calco vou colher

      Vinte espiga em cada pé

       

      Ai, São João

      São João dos Carneirinho

      Você é tão bonzinho

      Fale com São José

      Fale lá com São José

      Peça pra ele me ajudar

      Peça pro meu milho dá

      Vinte espiga em cada pé

       

      Pedras que Cantam

      (Dominguinhos / Fausto Nilo)


      Quem é rico mora na praia

      Mas quem trabalha não tem onde morar

      Quem não chora dorme com fome

      Mas quem tem nome joga prata no ar

       

      Ô tempo duro no ambiente

      Ô tempo escuro na memória

      O tempo é quente e o dragão é voraz

      Vamos embora de repente

      Vamos embora sem demora

      Vamos pra frente que pra trás não dá mais

       

      Pra ser feliz num lugar

      Pra sorrir e cantar

      Tanta coisa a gente inventa

      Mas o dia que a poesia se arrebenta

      É que as pedras vão cantar

      FICHA TÉCNICA:

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Quando gravei Elba canta Luiz, encontrei dificuldades de compactar em um único CD a
vasta obra de Luiz Gonzaga, imprescindível e essencial em todas as dores e alegrias aos
seus fiéis seguidores. O resultado final foi que o que se previa: por que não cantou
Assum preto ou Qui nem jiló? E Asa branca? Decidi então prosseguir na trilha de Seu
Luiz cantando pérolas para serem tocadas aos povos e que compõem o grande
caldeirão de ritmos e signos da música do Nordeste. Pelas vias e veias desse bravo e
fabuloso mestre, coroado pelo seu povo como eterno Rei do Baião, há muito mais para
ser descoberto e saboreado. O resultado é ao vivo, já que desta vez a gravação foi feita
diretamente do palco do ATL Hall, num único dia de show, especialmente montado
para a gravação do meu primeiro DVD solo e que será lançado junto com o CD Elba Ao
Vivo
, a partir de março, em todo o Brasil.

O espetáculo teve a direção do magnífico Gabriel Villela. Juntos, construímos o roteiro
bem como todo o conceito do show, após longas noites de delírios, prosas e longas
caminhadas sob a árida terra do sertão nordestino. A eterna e clássica Asa branca abre
a sessão para fazer desfilar a alegria, com algumas pitadas de solidão. A vida do
viajante
é um xote que identifica todo artista como um navegador. Da beira do cais ao
poente no Saara, o importante é caminhar e caminhar. Essa bela composição de
Gonzaga, em parceria com Hervé Cordovil, foi originalmente gravada por Seu Luiz e
seu querido filho, Gonzaguinha. Imbalança é uma parceria de Gonzaga com Zé Dantas
e estava um pouco esquecida nos velhos discos. Essa releitura em forma de coco-
samba-de-roda dá o tom do fogo na mistura. Tem Pagode russo, de Gonzaga e João
Silva, e Luiz Bandeira na bela melodia da animada Onde tu tá neném.

Os xotes são uma espécie de abre-alas na nossa escola. Numa sala de reboco e Estrada
do Canindé
, parcerias de Seu Luiz com José Marcolino e Humberto Teixeira,
respectivamente, são a paisagem viva da felicidade. Cometemos uma ousadia ao
transformar o xote em um samba-reggae, na bela Juazeiro, um clássico de Gonzaga e
Humberto Teixeira que Alceu Valença adora cantar à capella. Como algumas citações
poéticas musicais, descansam à sua sombra Chico César, Zé Ramalho e Timbalada. O
Gabriel Villela sugeriu a inclusão de Luar do sertão, um clássico da música brasileira, de
Catulo da Paixão Cearense e João Pernambucano. Foi uma honra cantá-la, por todas as
imagens e beleza.

Há muitos anos, rolava solto o forró na casa da minha irmã Vavá, lá na Paraíba.
Estávamos eu, Dominguinhos, Seu Gonzaga, quando ousei tocar no violão uma valsa
que havia aprendido com meu pai ainda na infância, oferecendo-a a Seu Luiz. Para
minha surpresa ele disse: “Elba, essa música é minha!”. Dúvida, uma valsa composta
em 1946 em parceria com Domingos Ramos. Súplica cearense é uma das minhas
preferidas, principalmente pelo arranjo, detalhadamente trabalhado por mim em
parceria com os músicos. Essa bela página da música brasileira é de Gordurinha e
Nelinho. Qui nem jiló é um baião muito conhecido e já havia gravado com Seu Luiz há
muitos anos atrás. Aí está mais uma versão da alegria de Seu Luiz em parceria com
Humberto Teixeira. Assum preto (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira) e Sabiá (Luiz
Gonzaga e Zé Dantas) são os pássaros da minha infância. Uma lembrança tão presente
quanto ausente. De volta pro aconchego traz a presença de Dominguinhos, o grande
mestre do acordeom, que em parceria com Nando Cordel imortalizaram esta canção e
que eu, honrosamente, a cantei pela primeira vez. Essa música não consta no roteiro
musical de Seu Luiz, mas certamente que não ficaria fora do seu coração. Uma
promessa de nosso eterno amor e admiração.

O medley final mistura as quadrilhas juninas que animam as festas de São João e São
Pedro. Nem se despediu de mim (Luiz Gonzaga e João Silva), São João do carneirinho
(Luiz Gonzaga e Guio de Moraes) e Pedras que cantam (Dominguinhos e Fausto Nilo),
pra fazer rolar a festa. No mais é só o prazer de cantar aqui ou em qualquer lugar.

O melhor momento de todo artista é quando se expressa no balanço da sua dança.
Aqui está mais uma festa brasileira em forma de xotes, baiões e xaxados que
oferecemos ao mundo. O DVD é mais completo e traz maracatu em forma de Festa
(Gonzaguinha), o chorinho Treze de dezembro em sua homenagem, com letra de
Gilberto Gil para uma composição de Luiz Gonzaga e Zé Dantas. Traz o também
pernambucano Alceu Valença em Ciranda da rosa vermelha e a dramática Acauã (Zé
Dantas), mais um pássaro da minha infância.

 

Elba Ramalho

(março de 2003)

 

 

Mais de 300 mil pessoas assistiram ao show Elba canta Luiz, que chega agora às lojas
em CD e DVD. Homenageando o Rei do Baião, Luiz Gonzaga, Elba Ramalho faz uma
grande festa ao som de xotes, baiões e xaxados. O CD tem 14 músicas exclusivas
extraídas do show Elba canta Luiz. O DVD traz o show na íntegra, com 26 faixas,
incluindo as participações de Zeca Pagodinho e Dominguinhos, além de dois clipes. A
direção é de Gabriel Vilella, um dos principais diretores de teatro do país. O resultado
é um espetáculo que mistura cor, efeitos de luz, dança e a contagiante energia de Elba
Ramalho.

O DVD tem faixas que podem ser assistidas em vários ângulos, além de comentários da
cantora sobre cada uma das músicas. Uma imperdível festa nordestina.

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