Elba Canta Luiz

2002

Elba Canta Luiz
    • Danado de Bom (Luiz Gonzaga / João Silva) Letra

      Ta é danado de bom

      Ta é danado de bom, meu cumpade

      Ta é danado de bom

      Forrozinho, bonitinho

      Gostosinho, safadinho

      Danado de bom

       

      Olha Macambira na zabumba

      Zé Cupira no triângulo

      E Mariano no gonguê

      Olha, meu cumpadre na viola

      Meu sobrinho na manola

      E Cipriano no melê

      Olha a meninada nas cuié

      Tá sobrando capilé

      E já tem bebo pra daná

       

      Tem nego grudado que nem piolho

      Tem nega piscando o olho

      Me chamando pra dançar

      Tem nego grudado que nem piolho

      Tem nega piscando o olho

      Me chamando pra dançar

       

      Tá que forrozinho de primeira

      Já num cabe forrozeira

      E cada vez chegando mais

      Tá da cozinha pro terreiro

      Sanfoneiro e zabumbeiro

      Pra frente, pras trás

      Olha, meu cumpade Damião

      Pode apagar o lampião

      Que tá querendo clarear

       

      Aguente o fole meu cumpadre Bororó

      Que esse é o tipo do forró

      Que num tem hora pra parar

      Aguente o fole meu cumpadre Bororó

      Que esse é o tipo do forró

      Que num tem hora pra parar

      FICHA TÉCNICA:

      Arranjo e sanfona: Dominguinhos

      Guitarra, violão, viola e cavaquinho: Marcos Arcanjo

      Baixo: Arismar do Espírito Santo

      Bateria: Camilo Mariano

      Percussão e efeitos: Paulinho He-Man

      Triângulo e pandeiro: Fuba de Taperoá

      Zabumba: Dió de Araújo

      Teclados: Luiz Antônio Porto

      Vocais: Jussara Lourenço, Jurema Lourenço, Paulinho He-Man e Elba Ramalho

    • A Sorte é Cega (Luiz Guimarães) Letra

      Meu amor quando eu te vejo

      Fico a suspirar

      Por que é que tu não vê

      Que eu vivo a te esperar

       

      Passarinho na gaiola

      Vive sempre a cantar

      Passa fome, passa sede

      Sem pedir, sem reclamar

       

      Mas existe a diferença

      Passarinho eu não sou

      Minha fome, minha sede

      É teu carinho, é teu amor

       

      Meu amor quando eu te vejo

      Fico a suspirar

      Por que é que tu não vê

      Que eu estou a te esperar

       

      Dizem que a sorte é cega

      Só agora acreditei

      Por que tu gosta de mim?

      Meu amor, isso eu não sei

       

      Se ao menos eu pudesse

      Alimentar esta ilusão

      Que ficou dentro de mim

      Machucando o coração

      FICHA TÉCNICA:

      Arranjo e sanfona: Dominguinhos

      Guitarra, violão, viola e cavaquinho: Marcos Arcanjo

      Baixo: Arismar do Espírito Santo

      Bateria: Camilo Mariano

      Percussão e efeitos: Paulinho He-Man

      Triângulo e pandeiro: Fuba de Taperoá

      Zabumba: Dió de Araújo

      Teclados: Luiz Antônio Porto

      Vocais: Jussara Lourenço, Jurema Lourenço, Paulinho He-Man e Elba Ramalho

    • Quer ir Mais Eu (Luiz Gonzaga / Miguel Lima) Letra

      Quer ir mais eu, vamo

      Quer ir mais eu, vambora

      Quer ir mais eu, vamo

      Quer ir mais eu, vambora

       

      Vambora

      Vambora sem demora

      Deixa a roupa na corda

      Que não vai chover agora

       

      Mas se você quiser ficar

      Eu vou ali, vou ali e volto já

      Mas pelo sim, pelo sim, pelo não

      Deixa na geladeira água tônica e limão

      FICHA TÉCNICA:

      Flauta, saxofone e vocal: Milton Guedes

      Guitarra, violão, viola e cavaquinho: Marcos Arcanjo

      Baixo: Jacaré

      Bateria: Camilo Mariano

      Percussão e efeitos: Paulinho He-Man

      Sanfona: Toninho Ferragutti

      Triângulo e pandeiro: Fuba de Taperoá

      Zabumba: Dió de Araújo

      Teclados: Luiz Antônio Porto

      Vocais: Jussara Lourenço, Jurema Lourenço, Paulinho He-Man e Elba Ramalho

    • O Xote das Meninas (Luiz Gonzaga / Zé Dantas) Letra

      Mandacaru quando fulorá na seca

      É o sinal que a chuva chega no sertão

      Toda menina que enjoa da boneca

      É sinal que o amor já chegou no coração

      Meia comprida, não quer mais sapato baixo

      Vestido bem cintado, não quer mais vestir timão

       

      Ela só quer, só pensa em namorar

      Ela só quer, só pensa em namorar

      Ela só quer, só pensa em namorar

      Ela só quer, só pensa em namorar

       

      De manhã cedo já tá pintada

      Só vive suspirando, sonhando acordada

      O pai leva ao doutô a filha adoentada

      Não come, não estuda

      Não dorme, não quer nada

       

      Mas o doutô nem examina

      Chamando o pai de lado

      Lhe diz logo em surdina

      O mal é da idade

      E que pra tal menina

      Não há um só remédio em toda a medicina

      FICHA TÉCNICA:

      Arranjo e sanfona: Dominguinhos

      Guitarra, violão, viola e cavaquinho: Marcos Arcanjo

      Baixo: Arismar do Espírito Santo

      Bateria: Camilo Mariano

      Percussão e efeitos: Paulinho He-Man

      Triângulo e pandeiro: Fuba de Taperoá

      Zabumba: Dió de Araújo

      Teclados: Luiz Antônio Porto

      Vocais: Jussara Lourenço, Jurema Lourenço, Paulinho He-Man e Elba Ramalho

    • O Xamego da Guiomar (Luiz Gonzaga / Miguel Lima) Participação especial: Zeca Pagodinho Letra

      Acho muito interessante o xamego da Guiomar

      Ela diz a todo instante que comigo vai casar

      Não creio muito nisso, ela sabe muito bem

      Aceito o compromisso pela gaita que ela tem

       

      Por causa dela eu já perdi a calma e o sossego

      Credo, nunca vi tanto xamego

      Pois a Guiomar está doidinha pra casar

      E eu também não tô aqui pra bobear

       

      Todo mundo sabe, todo mundo diz

      Que ela tem por mim um grande apego

      Porém, não ata nem desata

      Com a bossa do xamego

      Assim não há quem possa

      Ter calma, ter sossego

      Mas digo francamente

      E posso até jurar

      Que a gaita da Guiomar vai se acabar

      (Eu vou gastar!)

      FICHA TÉCNICA:

      Guitarra, violão, viola e cavaquinho: Marcos Arcanjo

      Baixo: Maurício Hulk

      Bateria: Camilo Mariano

      Clarinete: Dirceu Leitte

      Percussão e efeitos: Paulinho He-Man

      Sanfona: Toninho Ferragutti

      Violão de 7 cordas: Paulo Roberto Pereira Araújo (Paulão)

      Bandolim: Arlindo Cruz

      Cavaquinho: Paulinho Soares

      Triângulo e pandeiro: Fuba de Taperoá

      Zabumba: Dió de Araújo

      Teclados: Luiz Antônio Porto

      Vocais: Jussara Lourenço, Jurema Lourenço, Paulinho He-Man e Elba Ramalho

    • Vem Morena (Luiz Gonzaga / Zé Dantas) Letra

      Vem morena pros meus braços

      Vem morena, vem dançar

      Quero ver tu requebrando

      Quero ver tu requebrar

       

      Quero ver tu remexer

      No resfulego da sanfona

      Inté que o sol raiar

       

      Esse teu fungado quente

      Bem no pé do meu pescoço

      Arrepia o corpo da gente

      Faz o veio ficar moço

      E o coração de repente

      Bota o sangue em arvoroço

       

      Esse teu suor sargado

      É gostoso e tem sabor

      Pois o teu corpo suado

      Com esse cheiro de fulô

      Tem um gosto temperado

      Dos temperos do amor

      FICHA TÉCNICA:

      Arranjo e sanfona: Dominguinhos

      Guitarra, violão, viola e cavaquinho: Marcos Arcanjo

      Baixo: Arismar do Espírito Santo

      Bateria: Camilo Mariano

      Percussão e efeitos: Paulinho He-Man

      Triângulo e pandeiro: Fuba de Taperoá

      Zabumba: Dió de Araújo

      Teclados: Luiz Antônio Porto

      Vocais: Jussara Lourenço, Jurema Lourenço, Paulinho He-Man e Elba Ramalho

    • Orélia (Humberto Teixeira) Letra

      Caminheiro sem destino

      O destino é Deus quem dá

      Sempre em paz comigo mesmo

      Coração só pra cantar

      Um xamego hoje aqui

      Amanhã, um dengo acolá

      E o pó das estrada apagando

      Os xodós que eu tive por lá

      Foi entonce que ela surgiu

      Tava escrito Orélia chegar

       

      Orélia, ai, ai, Orélia

      Só de olhar teu olhar magneto

      Vi logo o meu fim

      Que paixão, foi um choque da peste

      Meu corpo tremeu que nem curumim

       

      Orélia, ai, ai, Orélia

      Ai, bichinha, se tu me deixar

      Vai ser muito ruim

      Faço arte no leste e no oeste

      No sul, no nordeste

      Dou cabo de mim

      FICHA TÉCNICA:

      Arranjo e sanfona: Dominguinhos

      Guitarra, violão, viola e cavaquinho: Marcos Arcanjo

      Baixo: Arismar do Espírito Santo

      Bateria: Camilo Mariano

      Percussão e efeitos: Paulinho He-Man

      Triângulo e pandeiro: Fuba de Taperoá

      Zabumba: Dió de Araújo

      Teclados: Luiz Antônio Porto

      Vocais: Jussara Lourenço, Jurema Lourenço, Paulinho He-Man e Elba Ramalho

    • Sorriso Cativante (Dominguinhos / Anastácia) Letra

      Quando chego no meu rancho

      Vejo minha moreninha

      De sorriso cativante

      Eu sacudo a poeira da estrada

      E os contratempos da vida

      Deixo em lugar distante

      Minha paz tá ali dentro

      Essa moreninha é meu calmante

      Minha paz tá ali dentro

      Essa moreninha é meu calmante

       

      Troço gostoso é o amor

      E coisa gostosa é querer bem

      É uma fogueira bem acesa

      E a quentura da fogueira só faz bem

      Quando chego perto da morena

      Sinto que eu pego fogo também

      Quando chego perto da morena

      Sinto que eu pego fogo também

      FICHA TÉCNICA:

      Arranjo e sanfona: Dominguinhos

      Guitarra, violão, viola e cavaquinho: Marcos Arcanjo

      Baixo: Arismar do Espírito Santo

      Bateria: Camilo Mariano

      Percussão e efeitos: Paulinho He-Man

      Triângulo e pandeiro: Fuba de Taperoá

      Zabumba: Dió de Araújo

      Teclados: Luiz Antônio Porto

      Vocais: Jussara Lourenço, Jurema Lourenço, Paulinho He-Man e Elba Ramalho

    • Aquilo Bom (Garotas do Leblon) (Luiz Gonzaga / Severino Ramos) Letra

      Quando eu me encontro

      Com as garotas do Leblon

      Chega a ser aquilo bom, aquilo bom

      É Maricota, é Mariquita e Marion

      Chega ser aquilo bom, aquilo bom

      É Maricota, é Mariquita e Marion

      Chega ser aquilo bom, aquilo bom

       

      Tem uma moreninha

      E tem uma marrom

      E tem uma loira sofisticadinha

      Chega a ser aquilo bom, aquilo bom

      Chega a ser aquilo bom, aquilo bom

       

      Quando chega o domingo

      Vou correndo pro Leblon

      Chego na praia

      Tibungo com as meninas

      Chega ser aquilo bom, aquilo bom

      Chega ser aquilo bom, aquilo bom

       

      Facilita

      (Luiz Ramalho)


      Comadre Joana sempre reparou

      A minissaia que a filha tem

      O namorado se invocou também

      E certo dia pra ela falou

      Tua saia, Bastiana, termina muito cedo

      Tua blusa, Bastiana, começa muito tarde

      Tua saia, Bastiana, termina muito cedo

      Tua blusa, Bastiana, começa muito tarde

       

      Mas ela respondeu: oi, facilita

      Pra dançar o xenhenhém, oi, facilita

      Pra peneirar o xerém, oi, facilita

      Pra dançar na gafieira, oi, facilita

      Pra mandar pra lavadeira, oi, facilita

      Pra correr na capoeira, oi, facilita

      Pra subir no caminhão, oi, facilita

      Pra passar no ribeirão, oi, facilita

       

      O cheiro da Carolina

      (Amorim Roxo / Zé Gonzaga)


      Carolina foi pro samba, Carolina

      Pra dançar o xenhenhém, Carolina

      Todo mundo caidinho, Carolina

      Pelo cheiro que ela tem, Carolina

       

      Hum, hum, hum, Carolina

      Hum, hum, hum, Carolina

      Hum, hum, hum, Carolina

      Pelo cheiro que ela tem

       

      Gente que nunca dançou, Carolina

      Nesse dia quis dançar, Carolina

      Só por causa do cheirinho, Carolina

      Todo mundo tava lá, Carolina

       

      Hum, hum, hum, Carolina

      Hum, hum, hum, Carolina

      Hum, hum, hum, Carolina

      Todo mundo tava lá

       

      Foi chegando o delegado, Carolina

      Pra olhar os que dançava, Carolina

      O xerife entrou na dança, Carolina

      E no fim também cheirava, Carolina

       

      Hum, hum, hum, Carolina

      Hum, hum, hum, Carolina

      Hum, hum, hum, Carolina

      E no fim também cheirava

      FICHA TÉCNICA:

      Arranjo e sanfona: Dominguinhos

      Guitarra, violão, viola e cavaquinho: Marcos Arcanjo

      Baixo: Arismar do Espírito Santo

      Bateria: Camilo Mariano

      Percussão e efeitos: Paulinho He-Man

      Triângulo e pandeiro: Fuba de Taperoá

      Zabumba: Dió de Araújo

      Teclados: Luiz Antônio Porto

      Vocais: Jussara Lourenço, Jurema Lourenço, Paulinho He-Man e Elba Ramalho

    • Xamego (Luiz Gonzaga / Miguel Lima) Letra

      Carolina foi pro samba, Carolina

      Pra dançar o xenhenhém, Carolina

      Todo mundo caidinho, Carolina

      Pelo cheiro que ela tem, Carolina

       

      Hum, hum, hum, Carolina

      Hum, hum, hum, Carolina

      Hum, hum, hum, Carolina

      Pelo cheiro que ela tem

       

      Gente que nunca dançou, Carolina

      Nesse dia quis dançar, Carolina

      Só por causa do cheirinho, Carolina

      Todo mundo tava lá, Carolina

       

      Hum, hum, hum, Carolina

      Hum, hum, hum, Carolina

      Hum, hum, hum, Carolina

      Todo mundo tava lá

       

      Foi chegando o delegado, Carolina

      Pra olhar os que dançava, Carolina

      O xerife entrou na dança, Carolina

      E no fim também cheirava, Carolina

       

      Hum, hum, hum, Carolina

      Hum, hum, hum, Carolina

      Hum, hum, hum, Carolina

      E no fim também cheirava

      FICHA TÉCNICA:

      Arranjo e sanfona: Dominguinhos

      Guitarra, violão, viola e cavaquinho: Marcos Arcanjo

      Baixo: Arismar do Espírito Santo

      Bateria: Camilo Mariano

      Percussão e efeitos: Paulinho He-Man

      Triângulo e pandeiro: Fuba de Taperoá

      Zabumba: Dió de Araújo

      Teclados: Luiz Antônio Porto

      Vocais: Jussara Lourenço, Jurema Lourenço, Paulinho He-Man e Elba Ramalho

    • Numa Sala de Reboco (Zé Marcolino / Luiz Gonzaga) Letra

      Todo tempo quanto houver

      Pra mim é pouco

      Pra dançar com meu benzinho

      Numa sala de reboco

       

      Enquanto o fole

      Tá tocando, tá gemendo

      Vou dançando e vou dizendo

      Meu sofrer pra ela só

       

      E ninguém nota

      Que eu tô lhe conversando

      E nosso amor vai aumentando

      E pra que coisa mais mió

       

      Só fico triste

      Quando o dia amanhece

      Ai, meu Deus, se eu pudesse

      Acabar separação

       

      Pra nós viver

      Igualado a sanguessuga

      E nosso amor pede mais fuga

      Do que essa que nos dão

      FICHA TÉCNICA:

       

      Arranjo e sanfona: Dominguinhos

      Guitarra, violão, viola e cavaquinho: Marcos Arcanjo

      Baixo: Arismar do Espírito Santo

      Bateria: Camilo Mariano

      Percussão e efeitos: Paulinho He-Man

      Triângulo e pandeiro: Fuba de Taperoá

      Zabumba: Dió de Araújo

      Teclados: Luiz Antônio Porto

      Vocais: Jussara Lourenço, Jurema Lourenço, Paulinho He-Man e Elba Ramalho

    • Calango da Lacraia (Luiz Gonzaga / Jeová Portela) Participações especiais: Fubá de Taperoá e Dió de Araújo Letra

      Eu vou te contar um caso

      Você ri que se escangaia

      A mulher do Zé Maria

      Foi dançar, caiu a saia

       

      Calangotango

      Do calango da lacraia

      Meu cabrito tá na corda

      Meu cavalo ta na baia

       

      Minha filha não se casa

      Com homem que não trabaia

      Trabaiador quando é bom

      Segunda-feira não faia

       

      No lugar que eu jogo bola

      Não quero jogo de maia

      Também quero ser direito

      Você mesmo me atrapaia

       

      Desaforo de mineiro

      É chamar nortista de tráia

      O nortista puxa a faca

      Mineiro puxa a navaia

       

      Nega Zefa

      (Severino Ramos / Noel Silva)


      Gente

      Olha a Zefa como dança o xaxeado

      Êta nega da mulesta do cabelo arrepiado

       

      É bonito a gente ver a nega no salão

      Todo mundo fica olhando a nega tipo violão

      É bonito a gente ver a nega no salão

      Êta nega da mulesta pra dançar coco e baião

       

      A nega não é mineira, não

      A nega não é baiana, não

      Se não é pernambucana

      Vixe, que a nega é paraibana

       

      Coco xeêm

      (Severino Ramos / Jacy Santos)


      Tome tenência no coco, mulher

      É coco xenhenhém feito pra dançar

      Tome tenência no coco, mulher

      Tome tenência no coco

      Vamo coco vadiar

       

      Só nas cadeira dessa nega bole-bole

      Que parece até o fole da sanfona do Neném

      Olha, as cadeira dessa nega tem um molho

      Todo mundo bota o olho quando dança o xenhenhém

       

      Xenhenhém, xenhenhém, xenhenhém

      Todo mundo bota o olho quando dança o xenhenhém

      Xenhenhém, xenhenhém, xenhenhém

      Todo mundo bota o olho quando dança o xenhenhém

       

      E quando chego lá na sede do Cunheca

      Eu fico logo sapeca quando a nega diz que vem

      Falo que a preta e feia, mas eu dou valor

      Pois a nega é mesmo um show quando dança o xenhenhém

       

      Xenhenhém, xenhenhém, xenhenhém

      Pois a nega é mesmo um show quando dança o xenhenhém

      Xenhenhém, xenhenhém, xenhenhém

      Pois a nega é mesmo um show quando dança o xenhenhém

      FICHA TÉCNICA:

      Arranjo e sanfona: Dominguinhos

      Guitarra, violão, viola e cavaquinho: Marcos Arcanjo

      Baixo: Arismar do Espírito Santo

      Bateria: Camilo Mariano

      Percussão e efeitos: Paulinho He-Man

      Triângulo e pandeiro: Fuba de Taperoá

      Zabumba: Dió de Araújo

      Teclados: Luiz Antônio Porto

      Vocais: Jussara Lourenço, Jurema Lourenço, Paulinho He-Man e Elba Ramalho

    • Canta Luiz (Dominguinhos / Poeta Oliveira) Participação especial: Dominguinhos Letra

      Canta Luiz, canta Luiz

      Tua sanfona e teu cantar me faz feliz

      Toca Luiz, canta pra nós

      Quero dormir e acordar com tua voz

       

      Uma sanfona, gibão e chapéu de couro

      E o cantar desse grande sanfoneiro

      Sua canção já completou bodas de ouro

      Sendo cantada nos rincões do mundo inteiro

       

      Vai Asa Branca cantar lá no Juazeiro

      Que o Assum Preto já chegou pra te escutar

      Diz Acauã que me espere no umbuzeiro

      Que o Carão já está começando a cantar

      FICHA TÉCNICA:

      Arranjo e sanfona: Dominguinhos

      Guitarra, violão, viola e cavaquinho: Marcos Arcanjo

      Baixo: Arismar do Espírito Santo

      Bateria: Camilo Mariano

      Percussão e efeitos: Paulinho He-Man

      Triângulo e pandeiro: Fubá de Taperoá

      Triângulo e pandeiro: Fuba de Taperoá

      Zabumba: Dió de Araújo

      Teclados: Luiz Antônio Porto

      Vocais: Jussara Lourenço, Jurema Lourenço, Paulinho He-Man e Elba Ramalho

sjc-fallback

ELBA CANTA LUIZ

 

Eita, forró de fôlego que o resfolego do fole não nega. Logo quando os meninos do forró universitário vão se achando, cheios de cavilação, chega à praça este Elba canta Luiz. É matéria obrigatória. Trata-se do disco de uma das melhores cantoras do gênero interpretando o seu melhor compositor, e intérprete. Elba Ramalho cantando Luiz Gonzaga (e com arranjos de Dominguinhos) é uma oportunidade para que gerações diversas se deliciem com uma música viva, nascida nos pés-de-serra do Nordeste há mais de um século, sob a luz dos candeeiros, e que se mostra jovial e altiva ainda hoje iluminada pelo neon das grandes cidades.

Pois não é que o forró não envelheceu? Pelo contrário, até remoçou. E este Elba canta Luiz dispensa acessórios. A base não podia ser melhor. É Dominguinhos na sanfona e os outros dois integrantes de seu trio: Dió de Araújo, na zabumba, e Fuba de Taperoá, no triângulo e no pandeiro. Além de tocar, os três cantam com Elba no disco. Dominguinhos, na homenagem feita por ele e o poeta Oliveira (Canta Luiz), e os dois ritmistas quebram tudo no Calango da lacraia, música feita por Gonzaga e Jeová Portela ainda em 1946. Outro que mostra intimidade com o cantor nordestino e empresta molejo carioca a essa festa brasileira é Zeca Pagodinho em O xamego da Guiomar, do rei do baião com Miguel Lima, composta em 1943.

A diversão, a galhofa, a brincadeira, a picardia e o humor nordestinos são a escolha clara de Elba para cantar neste disco. Solene mesmo só o aboio de Gonzaga no final. Comovente. O resto é pro riso, pra dança, pro chamego, de canto de parede ou no meio do salão, em cocos, arrasta-pés, xotes e obviamente baiões. Nem tudo foi composto por “seu” Luiz. Como A sorte é cega (Luiz Guimarães), Orélia (Humberto Teixeira, um dos seus principais parceiros), Sorriso cativante (do próprio Dominguinhos em parceria com Anastácia), Facilita (Luiz Ramalho), O cheiro da Carolina (Amorim Roxo e Zé Gonzaga), Nega Zefa (Severino Ramos e Noel Silva) e também “Coco xeem” (Severino Ramos e Jaci Santos).

Mas é tudo Gonzaga. Coisas que ele cantou Brasil afora e até fora do Brasil, abrindo caminho para sua própria geração e as coisas subsequentes que cantariam a música do povo do Nordeste. Essa música que, ao lado do samba, tem sido tão importante para a criação, afirmação e renovação da identidade cultural do brasileiro, mesmo que nem sempre lhe reconheçam.

E, óbvio, mais Gonzaga ainda as que ele compôs durante quase meio século. E Elba agora. Danado de bom, dele com João Silva (de 1984), abre o disco e dá uma mostra do sofisticado compositor que é Luiz Gonzaga. Já com 72 anos quando compôs essa música, dá um banho de noção rítmica e melódica. Só aí, com o disco homônimo (que teve participação de Elba), com essa idade e toda a grandeza de sua música e história é que ele ganhou o seu primeiro Disco de Ouro.

Quer ir mais eu, marcha-frevo em parceria com Miguel Lima, de 1947, mostra que a maestria de Luiz Gonzaga vem de longe. Com a sanfona de Toninho Ferragutti, as flautas de Milton Guedes e a percussão de Paulinho He-Man, está pronta para levantar poeira até em piso encerado. É uma alegria só. A abertura do “O xote das meninas” (feita em 1953 por Gonzaga e Zé Dantas, seu mais importante parceiro ao lado de Humberto Teixeira) com Lua (apelido dado por Paulo Gracindo) imitando gaiato o “farafunfun” da sanfona, traz até nós, na nossa intimidade, esse artista que soube como ninguém traduzir o sertão nordestino em sua arte. E Elba entra logo cantando com a propriedade de quem enjoou da boneca e começou seus namoricos nos sertões de Piancó. Ao som de Gonzaga.

Outra parceria com Zé Dantas, a também muito conhecida Vem, morena (baião de 1949). O convite é para a tal “morena”. Difícil vai ser conter as ruivas, loiras e mesmo os rapazes de tez diversa diante desse apelo à dança, que nos deixa com o sangue em “arvoroço” pra cair no forró miudinho comandado por Elba. Como dizem os cariocas, é “tudo de bom”. Feito o Aquilo bom, de Luiz Gonzaga e Severino Ramos, de 1972, que abre a seleta de xotes malandros completada por Facilita e O cheiro da Carolina.

Mais uma parceria com Miguel Lima é Xamego (de 1944), em que Elba mostra o que aprendeu, bem aprendido, com Jackson do Pandeiro e com o próprio Luiz Gonzaga. Dividindo os versos, “quebrando” na divisão, percutindo as consoantes e fazendo soar os silêncios. Logo depois faz o mesmo com o xote Numa sala de reboco (um dos preferidos nos ambientes onde a juventude contemporânea dança forró), parceria de 1964 de “seu” Luiz com o “caboco” José Marcolino. A letra aí, contrariando a tradição das parcerias gonzagueanas, é do Rei do Baião e a melodia é do parceiro.

Este é mesmo um disco de grande importância para a música brasileira. Como um disco de Elis Regina cantando Tom Jobim. Ou Inezita Barroso interpretando Tonico e Tinoco, ou Pena Branca e Xavantinho. Ou ainda uma possível leitura de Rebeca Matta para os Mutantes. O reconhecimento imediato dessas canções e o sentimento de identificação com elas parecem nos lançar luz sobre estas impertinentes perguntas que sempre nos assaltam: “Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos?”. Um pouco de nós é o que essas músicas são. E veio de onde essas músicas vieram. E vai para onde essas músicas vão. Um pouco de nós é Luiz Gonzaga. E veio dele. E para ele vai, bem como responde Elba Ramalho.

Muitas dessas canções Gonzaga tocou ainda nos anos 40 e 50 do século passado e Elba Ramalho vem agora nos tocar com elas. Para nos tirar do chão e dizer: Canta Luiz. Ao que, agradecidos, dizemos no compasso da zabumba: “Canta, Elba”. Canta e traz o luzeiro de Gonzaga para clarear o caminho que nos leva a essa sala de reboco onde somos gente. Ou à beira dessa fogueira onde somos brincantes de nossa própria história e vida.

 

Chico César

(março de 2002)

@parent